Arquivar para 2018

  • Notícias

    Intercâmbio de línguas

    - by Clarisse Braga

    Speed Meet Linguistique 

    Chegar à França sem falar um bonjour ou uma palavrinha que for em francês é pedir para complicar a vida. Isso todo mundo sabe. Mas vocês sabiam que há um interesse enorme em aprender a língua brasileira?

    Aqui, fala-se “brasileiro” para identificar a língua portuguesa do Brasil.

    Seja pela cultura, pela música ou pela beleza do país, cada dia mais, os franceses querem aprender o brasileiro e o Cafofo – Association Brésilienne de Montpellier decidiu unir o útil ao agradável: praticar as línguas francesa e brasileira incentivando o intercâmbio entre pessoas.

    Desta maneira, brasileiros e franceses de Montpellier que gostariam de melhorar o nível da língua trocaram suas experiências e vivências do aprendizado na primeira edição do Speed Meet Linguistique, realizado pelo Cafofo no Gazette Café, na última quinta-feira (17/11).

    O sucesso do evento se deve às pessoas que compareceram e participaram de atividades lúdicas e divertidas. Há quem diga que a melhor maneira de praticar uma língua é fazendo novas amizades e nós confirmamos!

  • Notícias

    Roda de Conversa

    - by Clarisse Braga

    Brasil em crise

    País da festa, das boas-vindas, da miscigenação; esta a imagem que a maioria dos franceses tem do Brasil. Mesmo assim, bastam algumas horas no país para enfrentar uma realidade de paradoxos: de um lado, milhares de pessoas vivem em situação de pobreza e, do outro, prédios de luxo protegem uma parcela de privilegiados. Entre confetes e serpentina, nós nos deparamos com um sistema de iniquidade e discriminações violentas. Porém, esta é apenas a imagem visível dos múltiplos do funcionamento da democracia brasileira.

    Para entender as razões que levaram o Brasil à crise, Cafofo organizou uma roda de conversa, no dia 20 de outubro, em Montpellier. Oferecer as ferramentas necessárias para compreender a situação política brasileira e identificar como esse gigante da América do Sul chegou a este ponto; estes foram os pontos debatidos no evento pela mesa que contou com a participação de Aderivaldo Ramos de Santana, doutor em História Contemporânea na Universidade Paris IV, encarregado do departamento de estudos lusófono e membro da associação pela pesquisa sobre o Brasil na Europa.

    Aderivaldo apresentou um panorama completo sobre a formação da população, história e território brasileiro. Também foram convidados Carollina Ribeiro, tesoureira do Cafofo e formadora em animação de debates cidadãos, que abordou o tema da estrutura social e econômica do Brasil, e o sociólogo Daniel Dias para falar sobre as oligarquias e a relação com a mídia. Para somar o debate, a especialista em economia e gestora de projetos Débora Carvalho apresentou sobre a corrupção enquanto fenômeno cultural. Concluindo o encontro, as novas polarizações políticas foram discutidas pela filósofa Juliana de Souza.

  • Artigo

    Opinião: A bagunça

    - by Clarisse Braga
    A doutora em sistemas costeiros e oceânicos Barbara Gimenez passou seis meses de 2017 fazendo seu doutorado sanduíche em Montpellier e compartilhou com o Cafofo sua experiência e os efeitos, tanto internos quanto externos, dessa aventura

    Alguns dias após o ano começar e refletindo sobre aquele que acabou de passar, a sensação que tenho é a de que 2017 foi um ano “bagunçado”. Pelo menos para a maioria das pessoas que participam ativamente da minha vida. E teve todo o tipo de bagunça, das mais pequenas às mais tumultuosas. Das baguncinhas boas àquelas que tiram nosso chão. Mas, a verdade é uma só: sempre dá para recomeçar e recolocar (ou colocar) tudo no lugar.

    Meu ano passado começou “arrumado”, mas corrido. Visto para tirar, passagens pra comprar, conseguir um lugar para morar, fazer as malas, papéis, burocracia. Uma Barbara sempre perfeccionista, metódica e desesperada deu conta de tudo bem antes do prazo. E de repente era abril… Parece que só atravessei uma sala de embarque e cheguei na França. 12h de vôo que mais pareceram 3h. A ficha tinha caído 0%. Quando as coisas são assim corridas, é normal não ter tempo de digerir direito, a gente “só vai” e vai, vai… Quando se dá conta, viveu uma porrada de coisas.

    Eu vivi em Montpellier por seis meses. E viver num lugar é muito diferente de simplesmente morar. Eu vivi o doutorado sanduiche, vivi a universidade, vivi a cidade, vivi as novas amizades, vivi as viagens, vivi o transporte público, os cheiros, os sabores, as músicas francesas. Lembro que quando pisei na minha moradia pela primeira vez, eu chorei. Pensei “não vou conseguir ser feliz morando nesse lugar, mas tudo bem, são somente seis meses”. No final das contas, embora eu achasse que ali eu só fosse morar, eu também vivi intensamente a minha moradia. Achava o máximo o simples fato de ter um studio numa cidade universitária, como nos filmes…

    A Barbara que foi achava que não podia viver muito tempo longe do aconchego do lar. A Barbara que voltou descobriu o valor imensurável da emancipação emocional. A Barbara que foi achava que seria impossível se virar sozinha com as dificuldades da língua. A Barbara que voltou sabe que dá para comprar um adaptador para internet a cabo mostrando uma foto e fazendo mímica (e que depois ainda vai se divertir muito com essa história). A Barbara que foi achou que não fazia amigos com facilidade. A Barbara que voltou sabe que onde tem gente na mesma situação e vibe que você, não vai ser difícil colecionar uma lista de colegas bacanas e aquelas – mais raras – amizades pra levar pra vida.

    A Barbara perfeccionista, metódica e desesperada do começo do ano, se perdeu toda fazendo as malas de volta, teve que pagar uma pequena fortuna de bagagem extra e deixar coisas para trás no aeroporto.  Culpou-se e se atormentou por isso. Mas essa Barbara terminou 2017 com a plena consciência de que, às vezes, as coisas saem do nosso controle e está tudo bem por isso também. Essa Barbara não precisa mais de tudo no seu exato lugar, sobretudo das coisas pequenas e triviais. Coisas que num piscar de olhos passam… Afinal, a vida é tão mais do que isso! A Barbara que foi tinha princípios, crenças e valores que são exatamente os mesmos que voltaram com ela. E essa Barbara é imensamente grata pela maioria das pessoas na sua vida conseguirem enxergar que, embora ela tenha mudado tanto, sua essência e caráter serão sempre os mesmos…

    A Barbara que foi tinha medo, muito medo. Descobriu que morar fora do país é para os fortes, mas a verdade é que qualquer um pode ser forte se quiser. Ah, essa Barbara só pode te dar um conselho: vá! Crie a sua oportunidade e vá. Leve excesso de coragem e traga excesso de experiência. E muito provavelmente a lista de coisas que você acha que vai aprender ou fazer não seja cumprida, mas o seu olhar de mundo jamais será o mesmo. E aí, você vai perceber o quanto é capaz de crescer e evoluir perante o medo e as dificuldades!

    Um 2018 cheio de descobertas “bagunçadas” pra todos nós.

  • Notícias

    Copa do Mundo

    - by Clarisse Braga

    Viver longe do Brasil já não é tarefa fácil  

    Bate a saudade da família e dos amigos, a comida e o clima fazem falta. Sem mencionar aquele clima de festa e alto astral que só existe no nosso país. Mas tudo isso nós enfrentamos de cabeça erguida.

    Agora, quer ver brasileiro expatriado sofrer? É só priva-lo da maior festa popular que acontece no país de quatro em quatro anos. Sim, a Copa do Mundo! E é claro que a estreia da seleção brasileira no mundial não ia passar despercebida em Montpellier.

    Foram mais de 80 brasileiros e franceses unidos, vibrando, gritando e se divertindo (e sofrendo) com a nossa seleção, nesta festa organizada pela equipe do Cafofo, no dia 17 de junho.

    Além da transmissão do jogo, a folia mais brazuca da cidade também contou com um espaço para crianças com direito a pintura de rosto, comidas e bebidas de primeira, além de música ao vivo nos intervalos da partida.

    E para animar ainda mais a galera, foi organizado um bolão gentilmente oferecida pela Usina de Festas com kit de salgados, pão de queijo e guaraná como prêmios. Será que alguém acertou o placar do jogo?

    Por um dia, encurtamos a distância, fortalecemos laços e um pedacinho de Montpellier virou Brasil.

  • Notícias

    Ateliê de pipas

    - by Clarisse Braga

    Nosso Cafofo – Association Brésilienne de Montpellier lançou seu primeiro evento aberto ao público no dia 22 de abril, no Parc Méric. O “Atelier piquenique: cerf-volant brésilien” foi uma ótima oportunidade de curtir um domingão em família e, de quebra, empinar pipas fabricadas na hora.

    Cerca de 40 brasileiros e franceses participaram do encontro que tinha também por objetivo apresentar a associação e estreitar os laços com a comunidade, deixando o dia ainda mais familiar.

    O ateliê animado pelos cafofeiros Roberto Bandeira, Marcus Barão e Daniel Ilê foi um sucesso não só entre a garotada, mas teve também muito marmanjo construindo pipas para depois brincar no gramado do parque.

    Logo ao lado, toalhas e almofadas no chão compunham o clima de piquenique onde cada um trouxe um prato de comida para compartilhar entre todos ali presentes.

    A proposta era trazer um pedacinho do Brasil para Montpellier e, naquele domingo, o Cafofo conseguiu.

  • Notícias

    Procurar trabalho dá trabalho

    - by 3d6zwei

    “É preciso estar aberta às oportunidades improváveis”

    Essa é a dica de ouro da brasileira Mariana Frias de Campos, de 30 anos, que trocou (por enquanto) a vida de bióloga para trabalhar como petsitter, em Montpellier.

    Há dois anos, Mariana e seu marido Thierry mudaram-se para cidade em busca de uma nova vida e logo se depararam com algumas dificuldades que a língua e a falta de experiência impõem. “Qualquer vaga de emprego aqui exige um mínimo de experiência e formação, seja como secretária, garçonete ou repositora de estoque em um mercado, além do francês fluente”, explica Mariana.

    Estudar a língua e não desanimar, essa foi a solução que ela encontrou. Ter calma durante esse processo estressante de procura de emprego é outra sugestão valiosa da atual petsitter. Ela sabe que assumir a escolha que se faz ao deixar o Brasil nem sempre é fácil, mas bastava observar o céu azul de Montpellier, a segurança que a cidade oferece e a qualidade de vida dos habitantes, que qualquer dúvida tornou-se uma possibilidade.

    “É temporário, mas por que não?”

    Como qualquer pessoa que escolheu o percurso acadêmico, seu desejo era de trabalhar na sua área. No entanto, depois de quase três meses de caça-trabalho, Mariana usou a criatividade e a coragem para se lançar em um negócio até então novo para ela: de petsitter e dog walker. “Além do meu tempo, não precisei investir financeiramente, foi necessário muito planejamento e a cabeça dura de fazer acontecer”.

    Com uma página no Facebook e muito boca-a-boca, a bióloga atende, em média, dois clientes de quatro patas, por dia. Em período de férias, esse número chega a quadruplicar. “Para formar minha clientela, fui a parques e praças para distribuir meu cartão, e me inscrevi em sites e aplicativos”, conta Mariana.

    A jovem brasileira não só substituiu o laboratório de biologia pela companhia de gatos e cachorros, mas também o carro pela bicicleta, uma rotina de “quase-luxo” por outra mais simples e agradável, o corre-corre pela tranquilidade, ou seja, uma vida atribulada por outra mais saudável.